O ciberespaço é hoje parte integrante da vida de muitos milhões de cidadãos em todo o mundo que nele mergulham para trabalhar ou apenas para se divertirem. O nosso quotidiano é ocupado por um manancial tecnológico de utilização fácil, que nos permite dispor de muito mais tempo para outras actividades, aumentar a nossa produtividade e ter um muito maior acesso a todo o tipo de informação. Mas nem sempre foi assim e, até atingirmos este nível, passámos por cerca de 50 anos de desenvolvimento. Esta série de artigos resume a evolução dos diferentes modelos de computação que sustentam boa parte da vida moderna e aborda algumas das tendências futuras que irão certamente alterar a forma como nos relacionamos com a tecnologia da informação e, consequentemente, como interagimos uns com os outros.
A tecnologia de computação sofreu, nas últimas décadas, uma revolução que nos catapultou para uma crescente complexidade de efeitos que se revelam numa nova sociedade e, a partir de certa altura, começámos a considerar a utilização da tecnologia ao nosso dispor como garantida, sem olharmos aos contras que essa utilização nos poderia trazer num futuro próximo. Assim, entre tudo aquilo que hoje temos como dado adquirido, o ciberespaço está perto do topo da lista. A promessa da Internet para o século XXI é disponibilizar tudo, em todo o lado, e a qualquer hora e lugar. Todas as realizações humanas, toda a cultura, todas as notícias poderão estar em breve à distância de um simples clique. A história dos computadores e do ciberespaço é fundamental para se entender a comunicação contemporânea e, embora não se constituam como o único elemento comunicacional da segunda metade do século XX, estes devem, por inerência da sua importância vir em primeiro lugar em qualquer análise histórica credível visto que lhes foram entregues um enorme conjunto de tarefas que não somente as de comunicação.
Se para muitos cibernautas, o acesso a este mundo virtual é um dado adquirido, para muitos outros ele nem sequer existe. Apesar do seu crescimento exponencial e da sua dispersão geográfica, a distribuição física das redes de comunicações está ainda longe de ser uniforme em todas as regiões do planeta. Por outro lado, a banalização das telecomunicações móveis confere ao ciberespaço um carácter de uniformidade que permite uma quase total abstracção do seu suporte físico. Os últimos anos foram uma fase de crescimento verdadeiramente explosivo das tecnologias de informação, nomeadamente da Internet. Na sequência desta expansão, o termo ciberespaço passou a ser vulgarmente utilizado para descrever um mundo virtual que os utilizadores da Internet habitam quando estão online, acedendo aos mais diversos conteúdos, jogando ou utilizando os variadíssimos serviços interactivos que a Internet disponibiliza. Mas é fundamental distinguir o ciberespaço das redes telemáticas, pois existe uma generalizada confusão conceptual.
A telemática produz a comunicação à distância, via informática, enquanto o ciberespaço é um ambiente virtual que se serve destes meios de comunicação para o estabelecimento de relações virtuais. Assim, a Internet, embora sendo a principal rede telemática mundial, não representa todo o ciberespaço uma vez que este é algo mais vasto que pode surgir da relação do homem com outras tecnologias como o GPS, sensores biométricos ou câmaras de vigilância. Na realidade, o ciberespaço pode ser encarado como uma nova dimensão da sociedade, onde as relações sociais em rede se redefinem através de novos fluxos de informação.
Podemos visitar o museu mais longínquo, no tranquilidade da nossa casa, ou aceder a uma qualquer notícia de um jornal, publicado a milhares de quilómetros de distância, ao sabor de um click no rato do nosso computador. Torna-se necessário pensarmos numa regulamentação desta área a bem de todos e do planeta. A economia do ciberespaço não tem nenhum mecanismo de auto regulação que limite o seu crescimento e assim, as actuais questões-chave para o negócio são a obtenção de energia barata e a manutenção do tempo de transmissão em milissegundos. As receitas dos serviços como o Facebook e o YouTube não derivam de custos para os utilizadores logo, do ponto de vista de um utilizador, o ciberespaço é gratuito e infinito. Enquanto as pessoas não sentirem nenhum custo no ciberespaço, irão continuar a utilizá-lo sem restrições e isso é incomportável com a nossa realidade actual e futura.
O objectivo destes artigos é, portanto, apresentar uma breve análise do surgimento e das transformações pelas quais essas máquinas e tecnologias associadas vêm passando nas últimas décadas, afectando directamente a vida dos seres humanos seus processos de comunicação e de trabalho.
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